segunda-feira, 20 de abril de 2009

E se amanhã chover?



Se amanhã chover,
As crianças brincarão, pés descalços pelos pátios,
loucas de prazer.
Se amanhã chover,
Os anjos perderão os seus refúgios,
nas planícies desamparadas do Bangladesh.
Se amanhã chover,
As mãos dos deuses plantarão insuspeitados jardins,
nas areias desertas de Atacama.
Se amanhã chover…

domingo, 12 de abril de 2009

Não há ninguém à minha espera



Transformação, metamorfose, talvez ressurreição. Celebro a festa do silêncio.
O vento penetra nos ramos das árvores. Dançam como dois amantes.
Não há vozes, nem cantos de pássaros.
Não há ninguém à minha espera.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Maya


Acordei trauteando "Vem viver a vida, amor". Passaram 35 anos e a mãezinha continua por aí.
Já não tenho medo das caves desertas pela noite, dos castigos no quarto escuro, dos uivos do L., dos galinheiros abandonados nos pesadelos, da morte.
A menina beijou a mãe no rosto; acenou-lhe um adeus e ficou a vê-la desaparecer no fim da rua. Amanhã voltarão a beijar-se, com a mesma certeza, como se esse fosse o momento derradeiro.
Uma fracção de segundo.