domingo, 14 de junho de 2009

O dono do Mundo


Os senhores engravatados leram o contrato com ar de enfado. Quando terminaram, voltaram-se para mim e esboçaram um sorriso socialmente correcto.
- Concorda com as condições do contrato?
- Sim – Respondi, sem reflectir. Afinal, era para isso que ali estava; assinar e despachar aquilo depressa.
Quando saí para a rua, contrato na mão a provar a minha nova posse, nem queria acreditar: tinham-me feito dono de um pedaço do planeta! Dei por mim a pensar em como tudo isto teria começado. Quem teriam sido os primeiros engravatados a decidir que pedaço do planeta cabia a quem?
Entrei no carro e dirigi-me ao meu quinhão, essa coisa animal que herdámos dos tempos em que tínhamos o corpo completamente coberto de pêlos: o território.
Quando cheguei e vi a nova casa com o belo jardim em volta, pensei: “Talvez seja melhor começar a urinar por aí, pelos quatro cantos do relvado, para demonstrar que tudo isto me pertence”.
Da próxima vez, quero o meu quinhão de Neptuno.

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