quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Aqui estou


Aqui estou, com toda a minha alma; e com todos os meus fantasmas.
Caminho junto ao mar numa breve trégua. Levo a cabeça cheia de pássaros, de ondas e de árvores frondosas. Mas nessa floresta escondem-se grandes demónios, ancestrais. “Sementes de karmas passados não podem germinar quando torradas no fogo da Sabedoria Divina.”
Vejo ao longe a silhueta do homem velho que se aproxima. Costas curvadas, passos curtos, mãos que se unem lá atrás, algemadas. Todos os dias nos cruzamos, como num ritual. Decido que é hoje que lhe aceno. Baixa o olhar, quando me vê. Amanhã, talvez. Talvez amanhã me aproxime para lhe dizer “Olá! Aqui estou, com toda a minha alma, e com todos os meus fantasmas. E tu?”

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